E fomos...

E hoje o PrasBandas recomeçou de verdade, essencialmente, como começou... Depois de mais de 3 anos na geladeira, a Mostra Itinerante agora de Arte e porque não Ciência (é meu fio Astrologia -pelo menos a que o Acuio e Maltz fazem- é Ciência e não picaretagem) Curitibana, volta pra rua, conversar com as pessoas, explicar a idéia simples de mobilizar uma comunidade que começou em 2005 lá no Sítio Cercado.

Começamos perto da Escola Maria Marli Piovezan onde estamos com as oficinas e pela bicicletaria em frente, que sábado retrasado emprestei um martelo pra fixar os banners da Drum Shop e do PB na sala onde o Johnny faz a molecada sacar o que andam batendo. Aliás, um adendo aqui: um pouco depois daquelas imagens que tão no Youtube apareceu uma mãe de um piá de 4 anos que vive amassando suas panelas, sumindo com as colheres de pau que ela faz polenta tocando "bateria" em casa, e que seu marido teve que fazer uma arataca improvisada com latas de tinta pro novo Neil Peart do Uberaba trabalhar sua habilidade... Disse ela que na próxima aula leva ele, que naquele sábado tava na casa da sogra em Santa Felicidade e não dava tempo de ir buscar. A seguir cenas dos próximos capítulos...

Fomos no mercado onde compramos pão/queijo/presunto pros nossos cafés nos intervalos das aulas do Acuio, loja de carros, auto-peças, borracharia onde um pastor pediu um cartaz extra pra levar na igreja, mercearia de uma idosa simpática, escola particular onde dão aula de musicalização pros pequenos, lanchonete numa pracinha em frente a praçona, auto-escola, papelaria onde fizemos umas fotocópias pra divulgar as oficinas mês passado, bar onde entre romops e pingas fica tranquilo o mascote verdinho da Praça Renato Russo: Baby!

Conhecemos um menininho que se divertia sozinho com sua raia dizendo que ía batizar ela - soltar todo o fio. O Seu Cascavel de 75 anos, que já rodou o norte do Paraná, São Paulo e voltou pra Curitiba, tem seus violões e uma frase de sua autoria pintada na parede do mesmo imóvel que mora e tem sua imobiliária: "Trate bem as pessôas quando estiver subindo porque você podera encontrala quando tiver descendo". Conhecemos uma dona de bar que tava nervosa porque a prefeitura quer fazer uma avenida e vão ter que tirar 30 metros de casas paralelas ao trilho do trem onde ela já mora há 10 anos. Disse que não vai sair dali e que vai se matar caso tenha que fazer isso...

Encontramos cavalos comendo na caçamba de lixo junto com o cachorro sob o pôr-de-sol do lado do trilho do trem onde os new drogados à noite são apagados porque não pagam suas pedras... Mas apesar dessa dureza, vamos lá aprender com essas pessoas super queridas, receptivas e simpáticas a enxergar diferente a vida e a ensinar a elas que podemos todos enxergar tudo isso ainda mais diferente: tudo novo de novo. Não virar as costas pra essas tosqueiras do lixo e tiros na rua é um caminho pra ver essas belezas pelas mesmas ruas. É, teve tiros lá, foram sete e em alguém que deve pros traficantes. Segundo Dona Sirlei, mãe de um filho de 26 anos que tá internado porque é viciado em crack, isso é quase todo dia. Mas ficou feliz por estarmos ali, fazendo algo por nós e por eles... Ela foi a que pegou o nosso último cartaz do nosso 1º dia pelas ruas nessa divulgação pras bandas do Uberaba.