segunda-feira, 18 de maio de 2009

Mostra simplesmente

Os troféus dados aos melhores no PB1

O PrasBandas não é um festival clichê
com jurados, troféus e premiações.
Mas já foi.

Os metaleiros do Fixer: 1º lugar no PB1

Em sua primeira edição em 2005 no Sitio Cercado teve toda essa papagaiada comum à esse tipo de evento...

Só que nossa tão querida inclusão social virou uma exclusão!
Das 20 bandas inscritas, só as 10 primeiras colocadas foram na reunião receber os R$ 3.000,00 das premiações ditas comunistas - fazendo com que a 1º lugar ganhasse só um pouco mais que a última. As outras 10 nem deram as caras... Foda você ir depois comprar pão na padaria do bairro e ver os vizinhos número 1 por ali zanzando né?

Essa observação, mais a releitura desse texto abaixo da Sra. Nathalie - uma educadora que tive a sorte de conhecer e ser influenciado - nos fez mudar para uma Mostra simplesmente - uma fotografia artística do bairro da vez.


A EDUCAÇÃO NÃO COMPETITIVA

As atividades competitivas adquirem cada vez mais importância para as pessoas que dirigem a educação. Isto acontece porque, geralmente, ninguém se pergunta se é assim que se deve educar o aluno.

Para nós, no entanto, a competição é negativa, pois coloca a meta em algo externo -como o prêmio, ser o melhor etc.- e não na satisfação íntima de algo bem-feito. A competição faz surgir nas crianças o egoísmo, a negação do outro e a vaidade, ou então um sentimento de derrota ou de incapacidade. Cremos que isto deve ser mudado. Devemos ensinar-lhes que aquilo pelo qual se compete é um meio e não um fim. O resultado não é o mais importante e nem deve ocupar o primeiro lugar. Ganhar ou perder não é importante, o que importa é tentar, várias vezes, mil vezes, se for necessário, pois é este tentar que alimenta o interesse e nos capacita para poder. As crianças o sabem muito bem, porque sentem quando algo é justo. Isto as prepara melhor para a vida competitiva. A vaidade, sempre presente, não interfere, pois, ao fazer um esforço real, só existe atenção para esse esforço. Por exemplo, numa atividade competitiva, como é o judô em nosso colégio, nos esforçamos para que a criança ponha o seu interesse em sentir o outro, em sensibilizar sua percepção dos pensamentos, decisões e reações do outro. Ela colocará seu interesse e sua atenção de modo a estar atenta a si própria e ao outro, e para atuar segundo os princípios do judô, e não para ganhar a competição.

É necessário dar-se conta de que existe algo muito negativo na competição. Parte disto se deve a todo um espetáculo que se monta em torno do vencedor. O jovem, no afã de chegar primeiro à meta, esquece que o verdadeiramente importante são todos os esforços que devem ser feitos nesse caminho, dar-se conta dos erros e corrigi-los.

No mundo de hoje, tudo leva à competição e à comparação, seja a favor ou contra. É uma atitude que não deixa maiores alternativas e que, como consequência, faz com que o ser humano não tenha confiança em si mesmo. A qualidade não importa, o que importa são os resultados. Por isso, muitos esportistas usam drogas para obter tais resultados. Isto é sumamente perigoso para o equilíbrio interior da criança, porque dá uma péssima direção à sua energia. Acha-se realizada quando vence e, então, não canaliza sua energia para realizar-se como um ser completo. A competição aumenta o ego (egoísmo) e a vaidade. E a vaidade é uma das mais fortes escravidões que existem. No entanto, dessa maneira indireta, sempre se estimula as crianças na direção dela. É por isso que muito pouca gente se dá conta do mal que isto faz.

Numa educação bem pensada, temos de ensinar às crianças que a vaidade é algo indesejável, como um “bichinho” que sempre tem fome, que sempre quer comer mais e que, a nós adultos, não agrada. Por um lado, uma debilidade -como a vaidade- pode servir para educar, pois está cheia de energia. Se nos apoiarmos nela, se nos servirmos dela, a criança poderá transformar-se e terá outra atitude para consigo mesma e para com o mundo. Temos de chamar, no ser da criança, outra qualidade, para que possa crescer fortalecida, independente e com pensamento próprio.

É difícil educar. Deve-se fazê-lo pouco a pouco, todos os dias, com muita paciência e sabendo aproveitar todas as circunstâncias, mesmo aquelas aparentemente negativas, para levar a criança a um “tentar”.

Quando uma criança tenta, adquire confiança em seu tentar e, diante disso, ninguém pode vencê-la. O importante não é vencer como todo mundo pensa. O mais importante é tentar e ter confiança em que, tentando, também se pode ganhar.

Nathalie De Salzmann de Etievan
em seu livro Não Saber é Formidável

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