Costas pra alienação

Os caras abriram mão da gravadora que tinham e lançaram o mais recente cd no site deles, deixando livre o quanto você quisesse pagar, mudando assim globalmente o paradigma da música contemporânea e sujando menos o planeta com o papel dos encartes, o acrílico, alumínio e plástico dos cds e caixa. Mais de 1.000.000 de pessoas baixaram o tal, 62% na faixa, de graça, no vascão! É mole?

Contrataram analistas para calcular as conseqüências ecológicas das andanças dessa turnê mundo afora, e a partir disso utilizam iluminação 30% mais econômica no palco, levam seus equipamentos de um país a outro de trem ou navio (que polui menos que avião) e produzem um novo fio a partir da reciclagem de garrafas plásticas: a cada 5 pets se faz 1 camiseta do novo cd da banda vendida nos shows. Pedem pros fãs usarem transportes públicos ou darem/pegarem caronas para chegar aos locais dos shows, escolhidos em locais centrais de acesso mais fácil.

Confesso que depois dessas e outras e de 2h20 de show que vi em São Paulo, voltei ruminando em como usar essa boa influência numa escala menor dentro do PrasBandas também. Uma bela influência mixar música e ecologia nas escolhas e não em discurso vazio, caricato, hipócrita, messiânico, chato...

E segundo Roberta que tá aqui no MSN e foi no show também em Buenos Aires ontem - feriado pelo golpe militar há 33 anos atrás - os ingleses do Radiohead homenagearam os parentes, amigos e/dos mortos pela última (de 6) ditadura militar. Tocaram How To Disappear Completely e o palco ficou azul e branco na cor da bandeira argentina.

Isso é a essência do bom e velho rock'n'roll com pitadas punk na prática mizifio! O resto é pose e alienação, se é que você me entende...